Rickson Gracie: evoluindo como professor (parte 2)

A trajetória ímpar de Rickson no jiu-jítsu contém muitíssimas lições para alunos e professores. Uma entrevista recente deu ao mestre bastante tempo pra relembrar as décadas de trabalho que formaram o professor que ele hoje é. Eis a segunda parte do que ele tinha a dizer (e veja a parte 1 aqui):
"Dependendo de quem vou ensinar, posso trazer as mesmas técnicas, mas com uma abordagem diferente. E isso, desde a minha juventude, começa a se tornar parte do jeito como ensino. Não ensino ao cara o que quero ensinar; vou ensinar ao cara o que ele precisa aprender que seja o melhor pra ele. E, com isso em mente, às vezes eu passava parte duma aula particular, uma boa parte, às vezes só falando com o aluno. E ele saía achando que esta conversa era mais importante pra ele do que passar guarda ou algo assim. 

"Em alguns outros dias, só tenho que desenvolver nele um senso de ser paciente e estar numa situação incômoda e saber como respirar, e usar pequenos movimentos só pra ficar à vontade, e ser capaz de pensar dentro de situações incômodas, poder pensar e tirar conclusões. Em suma, às vezes ele precisa aprender mais aspectos emocionais. Às vezes é mais físico: a habilidade de fazer um pivô para um armlock rápido, ou conectar os quadris, ou algo assim. Mas às vezes ele precisar só de mais... perdão, ou paciência, ou esperança... portanto temos que adicionar isto à aula e fazê-lo sentir que 'sei que estou no fundo do poço aqui, mas tenho que ter esperança; acredito que vou escapar, vou ficar, vou sobreviver, vou ter paciência...'. Eventualmente, a paciência dele compensa, pois o cara para de apertar; ele não pode ir a lugar nenhum. 

"Portanto, há muitas maneiras diferentes para você desenvolver um bom praticante de jiu-jítsu; e para mim, eu tinha muita paixão por exercer meu serviço, que te torna um melhor aluno, um melhor praticante. Se você vai ser um grande lutador, bom; se você vai apenas ser um grande advogado com a base que te dou através do jiu-jítsu, excelente. Não quero vê-lo apenas competir; quero vê-lo absorver as técnicas e tornar-se eficaz."