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Por que as pessoas desistem do jiu-jítsu no 1º mês?

POST
Em mais de 50 anos de tatame, o mestre Rickson Gracie aprendeu com maestria duas coisas. A primeira foi lutar. A segunda, observar o comportamento humano.

O que inclui, claro, enxergar com profundidade o comportamento dos alunos e praticantes. Ou ex-praticantes, uma fatia da humanidade sobre a qual Rickson volta e meia pensa e reflete.

“Eu estimo que, hoje em dia, a cada faixa-azul que se gradua numa escola de jiu-jítsu, cerca de cem outros praticantes desistem antes de sair da faixa-branca”, calcula o Gracie. “E a maioria não retorna para tentar de novo nunca mais. São portanto centenas, milhares de pessoas que sentem que não nasceram para lutar, que o desafio não é bem o que buscavam. Param de treinar antes de descobrir que o jiu-jítsu foi desenvolvido justamente para elas.”

Rickson é capaz de apontar inclusive o ponto exato em que grande parte dos praticantes larga o quimono. É a chamada tese das “feras à solta”, que seria divertida não fosse uma pena para os administradores de academia — e para a saúde da humanidade inclusive, já que praticar jiu-jítsu é um excelente combate à obesidade, ao sedentarismo e à depressão. Entre diversos outros problemas, claro.

Mas voltemos à tese. A tese das “feras à solta”, como Rickson explicou com maestria no podcast de Jocko Willink:

“Quando o aluno chega pela primeira vez à academia e aprende uma técnica de jiu-jítsu, ele se apaixona. Todos amam a técnica, repetir, executar, e a sensação após o treino, os amigos e as descobertas. Não tem quem não se divirta ao aprender jiu-jítsu. O xis da questão é quando o instrutor chama o primeiro aluno e pede para que ele se deite, e chama o segundo aluno e pede que ele monte. ‘Você, mantenha a montada!’ ‘Você deitado, tente escapar!’. Pronto; nesse ponto é que soltamos as feras. Os instintos estão liberados e a natureza está um pouco fora de controle. E não depende da índole do faixa-branca — aquele confronto naturalmente abre brechas para um movimento um pouco mais bruto, para um aperto mais incômodo, para uma agressividade para o qual um deles ainda não está preparado.”

De acordo com Rickson, essa provação, esse teste mental, pode ser percebido — e normalmente o é — como o pior dos pesadelos para o aluno novato. Ele não quer se confrontar com suas fraquezas, ele não pagou por aquilo nem saiu de casa para sentir desconforto. Somente as mentes mais raras vão pensar: “Tranquilo, sofri hoje, mas voltarei, vou melhorar dia a dia e vou dar o troco”. Para não se confrontar com tantos sentimentos, 90% dos alunos e alunas simplesmente param e vão procurar outra atividade.

A ideia de Rickson para o futuro do ensino do jiu-jítsu, portanto, segue por outro caminho, mais suave, menos acidentado:

“Hoje o sistema vigente em grande parte das escolas ainda é aprender treinando contra outro praticante. O mestre pode proteger o novato no primeiro mês, mas em algum ponto ele vai precisar competir contra outro praticante. Isso exige que, todo dia que a pessoa chegar à academia, ela precisa se botar à prova, mostrar que é durona, confrontar-se com seus próprios medos diariamente. Minha ideia para melhorar isso é que seja criado um nível para o praticante de jiu-jítsu ser capaz de aprender e experimentar a fundo os conceitos essenciais da arte marcial sem ser obrigado a rolar. Ele vai treinar sua respiração, suas alavancas, os ângulos certos para cada posição, a eficiência da defesa pessoal, tudo com a ajuda do instrutor ou de um colega de treinos colaborativo, não um rival disposto a finalizá-lo."

Rickson então detalha a ideia: "Pelo menos no primeiro ano de jiu-jítsu, o praticante não deveria se confrontar com os oponentes, apenas testar-se com parceiros de treino de fato. Após um ano, quem quiser continuar desse modo fica, quem quiser testar seu jogo e ir passar a guarda de outros vai para a outra turma. Com isso, o professor dá ao aluno tempo hábil para perder peso, sentir-se bem, compreender os benefícios do jiu-jítsu e não largá-lo nunca mais. Quero ver isso ainda na minha vida, um jiu-jítsu realmente perfeito para qualquer membro da família, sem necessidade de se provar nada nos tatames”.

Assista a aula completa aqui!

Comentários

danbrown Avatar
danbrown comentou:

I've been taking my grand kids to BJJ for a year now. I've seen all of this play out in them, and their different personalities.

25 de agosto de 2023, 16:19
Luís Carlos Thebas Salaza Avatar
Luís Carlos Thebas Salaza respondeu:

Sua inteligência sobre fatores psicológicos é enorme, Mestre Rickson! Assim como sua técnica! Esse método das academias de jiu-jitsu, de colocarem em combate alunos que ainda não têm as técnicas bem assimiladas, não é um bom método. Algumas academias de kung fu fazem do jeito que você deseja: primeiro, aprenda bem as técnicas, depois faça combates. Ou acontece também de o próprio aluno se auto-analisar: quando eu comecei numa academia de kung fu, eu já era o aluno mais dedicado, sempre amei artes marciais porque conheço (e percebo) seus enormes benefícios; então, com apenas 2 meses de academia, o meu professor me pedia pra iniciar a aula quando ele estava conversando com visitas, e me pediu também pra representar a academia num campeonato de kung fu. Eu me senti super honrado, mas agradeci e disse que queria tornar minhas técnicas mais automáticas primeiro, pra depois participar de campeonatos.

25 de agosto de 2023, 18:42