Kelly Slater e seu valioso e inesquecível escambo com Rickson

O surfista Kelly Slater pratica artes marciais desde criança. O contato com o jiu-jítsu, porém, tardou um pouco mais. Certa vez, o rei das ondas comentou, com o judoca e entrevistador Flavio Canto, em um programa da televisão brasileira:

“Quando eu estava com 8 ou 9 anos, tinha um cara que morava perto da minha casa, na Califórnia, chamado Don Dragon Wilson, que foi campeão mundial de kickboxing”, recordou Slater. “Eu e meu irmão fomos para a academia dele e fizemos karatê por um tempo. Depois paramos por causa do surfe, mas você sabe, quando se é criança a gente quer aprender artes marciais. Então sempre gostei, mas só descobri alguma coisa sobre o jiu-jítsu quando vim ao Brasil pela primeira vez, em 1992.”

Foi por essa época que Slater entendeu o poder filosófico e educativo do jiu-jítsu da família Gracie, e passou a repetir para seus fãs e seguidores: “Bote seus filhos no jiu-jítsu antes de outros esportes”.

“Depois de começar a treinar, acabei por conhecer e ficar amigo de muitos integrantes da família Gracie. O Rickson surfava na Califórnia e eu fazia uma permuta com ele, trocava pranchas por aulas de jiu-jítsu. Na verdade as artes marciais fazem parte da cultura do Brasil e eu gostaria que fosse assim nos Estados Unidos também. Queria ter crescido praticando jiu-jítsu”, disse o campeão dos sete mares.

“Creio que tanto o surfe como o jiu-jítsu vêm em etapas”, comparou. “As coisas que você aprende começam sempre pelo básico e depois tudo fica mais dinâmico. Também há a técnica — a forma como você usa seu corpo tem de ser a mais eficiente possível. Li muita coisa do Bruce Lee ao longo da minha vida. E muito da filosofia dele fala que o físico, o mental e o emocional trabalham juntos. Você não precisa fazer muita coisa, mas o que fizer precisa ser muito bem feito.”

Kelly tampouco mostrou se importar com faixas: “Sempre quis ter aquele nível alto, de faixa-preta, mas não me importo com a cor das faixas. É mais uma questão de disciplina, de aprender, de se desenvolver”.

De fato, na praia ou nos tatames, vale o mantra de mestre Rickson Gracie, que Slater incorporou ao seu modo de vida: “O jiu-jítsu é eficiente como técnica de luta, mas não se restringe a isso: trata-se de uma arte essencial para promover o desenvolvimento dos seres humanos”.